domingo, 12 de fevereiro de 2017

Breaking down the walls

For almost three years, the universe gave me one of the best experiences of my life. An experience abroad that has changed my way of seeing the world, accepting people as they are and really understanding different points of view.
I lived in a small town in the United States, Pittsburg, Kansas, which is known for receiving an impressive amount of international students in college. Not only were we accepted, as we were lovingly integrated into the community. All the foreigners went through a week of orientation that included dinners generously prepared by the residents of the city. This orientation was led by an American with Filipino roots.
During those dinners, it was possible to talk with the Americans who were welcoming us, with the new students who were Chinese, Russians, Arabs, Syrians, Koreans, Paraguayans, Africans. White, black, Christians, Muslims, really, at that moment, these differences were not even noticed. And I remember to this day the gratitude that I felt for having the chance of seeing experiences so different from mine, who had spent 25 years living in Caxias do Sul, Brazil. That was all that mattered. The richness of that diversity. An American publisher with a French lastname hired me to write for the newspaper. Other Brazilians, Indians, French, Koreans had been hired in the same newspaper. My American family invited me to Thanksgiving, when a group of friends from Saudi Arabia also joined us – who returned the favour by making Kapsa, a traditional dish of rice, at a dinner where everyone sat together on the floor and ate with their hands. With the Arabs, I also created a research project with women to understand how they felt about not being able to drive in their country, while there, in the United States, they freely circulated with their cars. They all agreed to answer my questions – with each answer, making me understand that there is no right culture and wrong culture, there are only different cultures.
The extremely active international community of Pittsburg promoted events to break up some stereotypes: the Arabs said that no, they do not cut off the arms of the people who steal; The Chinese said they do not eat dogs; and the Brazilians explained that they do not live with monkeys in the streets and houses. All these ideas really existed for many people. And little by little, we, international students, as they, Americans, were breaking down small walls that we had built over the years, when we did not really know other cultures.
In the United States, I and many others were immigrants. Back in my hometown, in Brazil, I noticed a flood of Haitian and Senegalese immigrants who came here in search of jobs. Which reminded me that my maternal great-grandparents were Italians, paternal, Swiss. All, therefore, immigrants who came here to work.

Impossible not feel a great sadness to see what is happening today. Not only because of a leader who wants to build walls and banish the entry of some countries, but (and this is perhaps the saddest) because this kind of action encourages other thoughts, it makes a lot of people think: ‘That makes sense. We have to isolate ourselves. It would be better if each stays in their country. Safer ‘. No…
A country or a city that sees immigrants as threats – to jobs, to safety, to health – goes against globalization, goes against progress, goes against the beautiful evolution of things. And it shows that its leaders did not understand that the secret is not in strengthening only what stays within those walls. But in opening the doors and letting the real wealth come in.
Submitted by Valquiria Vita-Brazil
Pittsburg State University 

Original link:
http://www.isvmag.com/2017/02/breaking-down-the-walls/



Lado B_Daniel Guerra

O novo prefeito de Caxias dorme no máximo cinco horas por noite e diz que não acredita em sorte, mas, sim, em esforço


Era final da tarde de 30 de outubro, data do segundo turno das eleições para prefeito de Caxias. O candidato Daniel Guerra, 44 anos, participava da missa na igreja de São Pelegrino, com a mulher, Andrea, e a família. Todos estavam com celulares no silencioso. O celular de Guerra, inclusive, estava guardado na bolsa da mulher, no chão. 

O político sabia que, ao sair daquela missa, descobriria se havia se tornado o novo prefeito de Caxias. Qualquer que fosse o resultado, diz ele, a missa estava sendo uma hora de agradecimento por todas as experiências positivas que teve durante a campanha. “Aquele momento era uma vitória por tudo o que eu tinha vivido”, conta.

Quando a missa se encaminhava para o final, Guerra começou a escutar buzinas vindas da rua. “Mas não tinha como saber para quem estavam buzinando. Na hora dos recados finais da missa, comecei a perceber o sorriso de algumas pessoas, caras de alegria.” 

Apesar dos sorrisos, ao sair da igreja, ainda não sabia do resultado, até que notou a grande quantidade de jornalistas que o aguardavam. E a pergunta que uma delas fez a ele é capaz de emocioná-lo até hoje, um mês depois, enquanto conta a história: “Ela me olhou e disse ‘Candidato, quais são suas palavras como prefeito eleito de Caxias?’ Aquilo ali….” conta Guerra, com um olhar perdido de quem está absorto em uma memória e sem conseguir encontrar as palavras para completar a frase. 

Depois daquela pergunta, e de muitos abraços emocionados, o prefeito eleito decidiu: “Nós vamos para a prefeitura!”. E, o trajeto de São Pelegrino até o centro administrativo Guerra fez correndo — demonstrando a resistência de uma pessoa que malha três vezes por semana desde os 14 anos de idade. “Eu realmente estava com pressa para chegar lá.” 

A ideia de ir à prefeitura, e não ao comitê, surgiu porque Guerra queria que todos abraçassem o prédio simbolicamente, para mostrar que a administração pertence às pessoas, e não aos partidos. “Subir a Sinimbu e ver a vibração das pessoas, a espontaneidade. Isso foi o que mais me marcou: os olhares de esperança, mesmo sem a gente ter prometido nenhum cargo a ninguém. Foi inesquecível”.

Família do exemplo, não do discurso Inesquecível é o adjetivo usado por ele para definir toda a campanha política mais importante da vida de Guerra. Além de ter conhecido centenas de pessoas que apoiaram seu projeto, contou com o apoio de muitos que já haviam sido parte de sua trajetória. Como a professora da primeira série, por exemplo, que gravou um vídeo em que ressaltava a dedicação que ele tinha aos estudos, e o diretor do La Salle, que o aguardou no dia da votação com uma antiga ata em mãos: o documento que registrava a primeira eleição de Guerra, no primeiro ano do segundo grau, quando tornou-se presidente do Grêmio Estudantil. “A campanha foi cheia de experiências marcantes.” 

Como bem mostrou o diretor do La Salle, a veia de liderança de Guerra surgiu há muitos anos. “É uma coisa que está comigo. Se eu vejo que posso fazer algo melhor do que está sendo feito, eu não fico só dizendo. Eu tomo a frente. Sempre me coloco à disposição”, diz Guerra, contando que, diversas vezes, foi representante de classe. 

Aos 14 anos, depois de perceber que todos reclamavam do Grêmio Estudantil, decidiu que precisava fazer algo. “Fiz a lista de todos que reclamavam e montei uma chapa com essas pessoas. Me botaram de presidente, mesmo eu sendo o mais novo. Disseram ‘Tu que deu a ideia, tu vai!’ E eu disse: ‘Não tem problema!’ Ganhamos a eleição e eu assumi, aos 15 anos.” Guerra sempre foi incentivado a levar todas as responsabilidades a sério. Criado pelos pais, Léo e Ignez, é o mais novo de sete irmãos. “Nossos pais sempre nos ensinaram a ‘ter momento para tudo’. Momento do lazer, do estudo, da oração. E cada momento era destinado apenas para aquilo”, diz. “Minha família sempre foi do exemplo, não do discurso.”A casa dos Guerra estava sempre cheia, já que cada um dos sete filhos sempre levava um amigo ou dois. Um dos hábitos da família era a leitura da Bíblia, sempre após o jantar. E a missa semanal, costume que Guerra mantém até hoje — inclusive em semanas em que está muito ocupado ou quando viaja: “Até na Disney, quando levamos nossas sobrinhas, fomos na missa”, diz o político, que foi coroinha do padre Giordani (“Para tu ver como faz tempo!”), sacristão, líder do grupo de jovens e catequista. 

A espiritualidade foi o que ajudou a família a superar o momento mais difícil de todos: a morte repentina do pai, há 20 anos. “O meu pai já nos preparava que, um dia, Deus iria chamar a todos. Por isso sempre aprendemos que temos que viver o momento de agora, dizer o que queremos dizer para a pessoa quando temos a chance. Meu pai, até hoje, é meu ídolo, meu modelo. Almejo que eu possa ser pelo menos um pouco parecido com ele.”

Amor e política
Foi também a religião que fez com que ele conhecesse a atual mulher, Andrea. Os dois faziam parte do grupo de jovens da igreja de São Pelegrino. Ele tinha 17, ela 15. Viraram amigos, melhores amigos e, finalmente, namorados. Em 2002, casaram-se na mesma igreja onde se conheceram. “Não tem como não se apaixonar por ela”, conta. “Eu me apaixonei e sou um eterno apaixonado pela Andrea. Eu fui muito abençoado ao conhecê-la.” Uma das paixões que os dois dividem é pelos animais. O casal tem três cachorros: Eike, Kika e Lobo. Além de passar tempo com eles, nas horas vagas, Guerra convive com a família e pratica esportes. “Gosto muito de atividade esportiva. Sempre fui um perna de pau no futebol. Então fui para a academia. Para mim, exercício é oxigenação, é mais do que questão física, é saúde psicológica.” 

Oxigenar é importante, principalmente quando se tem um dia cheio. No caso de Guerra, esse dia começa cedo e termina tarde. “Quatro ou no máximo cinco horas de sono por noite, para mim, é suficiente. E, como sou meio elétrico, quando paro para dormir, durmo bem.”Essa característica ativa já se manifestava na juventude. Desde os 12 anos, Guerra incomodava o pai para poder trabalhar em um banco, assim como os irmãos mais velhos. Teve de esperar até os 14, aniversário que comemorou fazendo a Carteira de Trabalho. “Meu pai só queria que eu estudasse. Mas concordou, me dando um prazo de um mês para que eu largasse currículos. ‘Se eu conseguir com as minhas pernas, tu deixa?’, lembro de ter perguntado. Aí ele riu, porque não achava eu que conseguiria”, conta. 

Conseguiu. Ingressou em uma vaga para office boy e só saiu da área do mercado financeiro (onde chegou a ser um dos gerentes mais novos, aos 21 anos de idade) duas décadas depois. Na juventude, trabalhava no banco durante o dia e frequentava as aulas de Direito na UCS à noite. “Ia direto do trabalho para a faculdade, inúmeras vezes sem nem ter tempo de jantar.” Depois de 20 anos trabalhando em bancos – “Sempre troquei de instituição quando estava na melhor fase do lugar em que estava”, diz – aceitou o convite para entrar na política, como secretário do Turismo de Sartori. “Abri mão da questão financeira, de um salário, como dizia meu diretor, de seis para um, e troquei um chefe, que tinha no banco, para 500 mil chefes, que é o que teria que lidar como político.”

Depois, foi vereador duas vezes, pelo PSDB, sigla da qual foi expulso por ter ideias e posições que divergiam do partido. Hoje, faz parte do PRB.

Sobre as diferentes opiniões e críticas a ele, que sabe que são normais para qualquer figura pública, Guerra diz que o segredo é saber diferenciar as críticas construtivas dos ataques. “A construtiva eu acolho e reflito, o ataque eu nem ouço. Existe uma grande diferença entre ouvir e escutar. Sou focado no que é bom. Só dou valor ao que tem valor”, afirma, aproveitando para acrescentar o que diz ser uma de suas características: “Assim como não absorvo o ataque, não absorvo bajulação.” 

O novo prefeito de Caxias diz que impulsividade não faz parte de sua personalidade e que, antes de toda grande decisão, reflete profundamente. Foi assim ao decidir concorrer à prefeitura, será assim ao decidir assuntos importantes para o futuro da cidade. Nessa virada de ano, Guerra tem muito a refletir – e a agradecer por tudo o que conquistou em 2016, um ano de sorte ou, usando as palavras dele: “Não acredito em sorte, acredito no esforço.” 

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