sexta-feira, 17 de abril de 2015

Dissertação de mestrado: você também pode sobreviver a essas 7 fases

          Tem coisas que você termina e não sabe como. Só sabe que você termina e nada mais importa depois que isso acontece. Até hoje, por exemplo, eu não sei como tirei carteira de motorista. Em nenhuma das aulas da auto-escola eu consegui fazer aquela baliza e estacionar o carro direitinho entre duas vagas. No dia da prova prática ninguém realmente acreditava que eu ia passar (nem mesmo minha instrutora.. me lembro da cara dela até hoje). Eu, especialmente, não acreditava que ia passar. Com todas as chances contra mim e minha (falta de) habilidade como motorista, eu fiz a prova. E o carro, como por milagre, encaixou direitinho. Passei.  Só o que importava depois disso era o sentimento de ter conseguido passar por isso.







          Algumas coisas, até mesmo coisas que você achava que poderiam ser impossíveis, às vezes, acabam terminando bem. Esse ano, meu exemplo disso foi minha dissertação de mestrado. Sempre achei muito chato aquela galera que ficava se queixando no Facebook sobre o quanto era cansativo escrever uma dissertação. Tudo o que eu pensava era que ninguém é obrigado.. se você foi lesado o suficiente pra entrar numa loucura dessas.. dê um jeito de sair dela com dignidade e sem reclamar. 
          Só que óbvio que quando eu estava fazendo a minha dissertação eu cheguei ao ponto que estava reclamando também, e a sentir que passar por isso seria uma tarefa tão improvável quanto a de ter estacionado aquele carro na auto-escola. 
          A Joy, uma amiga de Taiwan que ficou muito próxima porque também estava passando por isso com a dissertação dela, sempre me fazia rir quando refletíamos sobre o porque de termos escolhido fazer isso. Aqui nos Estados Unidos não é como no Brasil, onde você TEM que fazer a dissertação (e aqui eles chamam de thesis, não dissertation). Eu tive três opções (as outras duas eram MUITO mais fáceis), e por algum motivo psicológico, necessidade de superação pessoal (não sabemos bem pq, já que somos Communication major e não Psychology major), eu e a Joy escolhemos a opção da dissertação.
          Durante uma das semanas finais de desespero, a Joy fez a perfeita comparação: escrever uma dissertação (ou uma tese, como queiram), é como esquiar pela primeira vez. No meio do caminho você empaca e você entra em desespero. "Mas eu tenho que continuar esquiando até chegar no final! Não há outra opção" você pensa. 
          E foi isso o que fizemos. E chegamos no final. Não sem antes passar pelas seguintes fases:

1. O começo: a fase que ninguém acredita muito na sua pesquisa. Ralei muito até fazer todo mundo acreditar que o Facebook era do mal e deveria ser estudado. 

2. A fase "nossa, tem muito tempo ainda até a data da entrega": vamos relaxar aqui e ver um Netflix (comecei e terminei 3 seriados diferentes nessa fase).

3. O começo do fim: "Meu Deus, Joy, faltam 16 dias para a data entrega". 

4. Palpitações-choro-fuck this shit: Essa é a fase que vai depender de cada pessoa: um professor me disse que teve palpitações e teve que ir para o hospital (eu ri na época, mas depois acreditei que é super possível isso), uma amiga (que não posso contar quem) tinha crises de choro antes de dormir, e eu, nessa etapa, já estava na fase "agora seja o que deus quiser". 

5. A última semana: depois de ter passado mais tempo na biblioteca do que no seu próprio apartamento o semestre todo, você quer fazer QUALQUER coisa que não seja escrever sua tese. Eu passei por momentos que ficava vários minutos encarando a parede da biblioteca aqui da Pitt State, só porque até isso era mais legal. Eu olhava pro chão de carpete e pensava, eu quero deitar aqui, agora, e dormir (minha mãe ficou com muita pena de mim quando eu estava nessa fase). Nessa fase também parei de fazer as unhas, porque não tinha mais tempo nem disposição. E cogitei ir pro Grand Canyon, de carro (o que demora 16532891 horas), no final de semana antes da entrega (não rolou, porque voltei a sanidade a tempo). 

6. Nessa última semana também começa a fase tipo Jogos Vorazes, onde você vê os outros participantes, caindo fora, um a um. Pelo menos três amigos meus desistiram de entregar a tese, porque viram que, simplesmente, era impossível terminar a tempo. 

7. A melhor fase: Você acaba a tempo. E entrega. E quando isso acontece, a sensação é indescritível. Sabe quando você quer muito pegar uma pessoa? Aquela pessoa que você quer há muito tempo.. E daí você pega e pensa "nossa, vitória". Eh isso. Só que 10 mil vezes melhor. Na primeira noite que estava livre da tese, fiquei tão relax que assisti três horas de vídeos toscos no YouTube. Na segunda noite, eu saí pra beber. Na terceira noite, eu saí pra beber com a Joy.  

          Nossas lições de hoje, portanto, são as seguintes: 

Nunca deixa alguém te convencer que você não pode fazer alguma coisa que você quer, nem que você não saiba explicar por que você quer fazer aquilo. Se você quer, você vai lá e faz (e termina) e não precisa se preocupar em agradar ninguém (só a sua banca da dissertação, isso é muito importante). 

Nunca desista. Nem quando você começar a ver os outros desistindo. Vai por mim, o sentimento de conseguir terminar uma coisa muito difícil vale muito mais a pena =)



semanas finais. muita vontade.



a prova que trabalho duro sempre vale a pena =)

Joy