sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Prince charming is not coming

Posted by  on Friday, October 24, 2014 · 



When I was a kid Sleeping Beauty was my favorite Disney classic.

I thought the idea of falling into a deep sleep until a gorgeous prince woke me up with a kiss was quite wonderful. Those were the kinds of references I grew up with: Aurora sleeping and waiting for the prince to start living; Snow White, doing pretty much the same thing; the Little Mermaid, who even changed who she was to be with the man of her dreams and Cinderella, who just asked for a night off and a dress, but ended up in love with a prince who changed her life.







When I got a little older, people started telling me the ugly truth: that prince charming didn’t exist. Even though everybody knew something was wrong with these Disney classics, during my adolescence and adult life I was repeatedly exposed to innumerous romantic movies that looked a lot like those old stories. The plot was always the same, with the main female character having a single purpose in life: finding the right guy.
I realized that the romantic movies I watched almost 20 years after watching Disney classics, still show the same role models of women: sweet, naive, gentle, submissive and patiently waiting to be rescued.

It’s like their whole journeys are directed to that, their entire lives would just start making sense when this “perfect” man appears, giving meaning to their existences and becoming the sole source of their happiness.


Even in Sex and the City, in which the main characters are successful women with the coolest friends and exciting lives, the conversations among Carrie, Samantha, Miranda and Charlotte are always around finding the perfect man.


Fortunately, today’s girls are growing up with some better references. Take “Frozen,” in which the central theme is the relationship and difficulties of the two sisters, “Brave,” in which princess Merida is determined to make her own path in life and even “Maleficent,” a story about resilience (since Angelina Jolie’s character needs to recover from a heartbreak from a guy who turned up not being prince charming at all).


All of these new models can contribute to change girls’ views about the real world and relationships and to avoid future frustrations. It is important to stop with the stereotype of the passive and vulnerable princess. And to go beyond saying “prince charming does not exist.” A girl should be thought that life is bigger, even though she might end up finding the right man at some point of her life, she must keep in mind that the only person responsible for her happiness should be herself.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Remembering Nikki Patrick

Posted by  on Friday, October 24, 2014 · 

I met Nikki Patrick a month ago. She had called me the day before to schedule an interview for her daily profile, Patrick’s People, in The Morning Sun newspaper. On the day of the interview, a small and fragile woman slowly walked through the Overman Student Center, using a portable oxygen tank and wearing a kerchief on her head. I was expecting a reporter and a photographer, but Nikki arrived alone. She told me after the interview that she had even driven her own car there.
Nikki Patrick was a reporter for the Morning Sun for 47 years. She passed away on Monday, Oct. 20.

During 20 minutes, Nikki asked me some questions about my life, but most of the time, she just let me speak. As a reporter, I couldn’t help but notice her messy handwriting (typical of us reporters). As a first-time interviewee, I was kind of worried if she was actually going to understand all of that back to the newsroom. After we talked, she chose a good spot outside to take a picture of me. She took a small digital camera out of one of the bags, and after only two shots she said she was done.
Before we say goodbye, I asked her how long she has been writing for the paper, and her answer was an incredible 47 years. 

That was the first and the last time I talked with Nikki Patrick.
A couple of days later, my profile story was published without a single mistake. Everything was exactly as I told her, word for word. Even the photo, taken so quickly, was great. I was so proud that I sent copies of the page to my family and friends in Brazil.
I’m telling you of this experience to show how a few minutes of Nikki Patrick’s work impacted my life and the life of my loved ones. So just imagine, in her 47 years as a reporter, how many lives she touched, not only in this community, where she was born and raised, but beyond.
We are told that we need to find a passion in life. If you actually find it, you won’t need to work a single day of your life because work will be a pleasure. Nikki definitely found this passion, which was telling other people’s stories. She published her last column on Wednesday, only four days before she died Monday morning after a long battle with breast cancer. She was 68 years old.
Nikki is no longer here to introduce people to one another in Patrick’s People, and her presence will surely be missed in this town. But memories of this outstanding reporter will be forever held in all of the lives she touched in these 47 years.


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Em busca da coroa: quando eu concorri a rainha da faculdade

          



          Dizem que você nunca viveu uma experiência americana completa até ter concorrido a rainha da universidade. Tá, não dizem isso. Eu que comecei a dizer, depois dessa semana. 

           Há uns meses eu decidi seguir a máxima "diga mais sim do que não", e estou levando isso muito a sério. Dito isso, numa linda noite, menos de 12 horas antes do deadline pra entrega das inscrições para rei e rainha da Universidade de Pittsburg State (onde faço mestrado), o meu vizinho bateu na minha porta  e soltou a seguinte frase: "Val, você quer ser rainha?". O Igor é do Cazaquistão, e eu e ele, além de morarmos no mesmo prédio, estamos juntos na International Student Association, que representa os 500 alunos estrangeiros que temos no campus. Seguindo a minha máxima, portanto, a minha resposta foi "sim, por que não?". Confesso que não medi os prós e contras na hora, e depois de apenas um dia começou a me bater um arrependimento - porque todos os meus amigos do Brasil começaram a me zoar muito. Mas daí não tinha volta, e eu pensei que, como a oportunidade tinha, literalmente, batido a minha porta, era melhor encarar como mais uma história pra contar. (tipo a história de quando atravessamos sete estados de ônibus popular, ou a de quando morei na frente da casa do traficante de metanfetamina, ou a de como o Spring Break mais louco da história acabou em lágrimas, e assim vai). Adoro minha lista de histórias dos EUA =) é praticamente uma tragicomédia. 


Eu e o Igor em nossa primeira foto oficial lol com o fundo de bandeira americana 
só pra constrastar com nossas nacionalidades exóticas


         O Homecoming é uma grande tradição americana. Nas faculdades, é uma semana de muitos eventos, que acabam com um desfile, tipo 7 de setembro, na maior rua da cidade (no caso da pequena Pittsburg, a única rua, que pretensiosamente se chama Broadway). Um rei e uma rainha são escolhidos como Homecoming king e queen, e os concorrentes são dois representantes de cada organização do campus. E os escolhidos têm a função de representar a faculdade por um ano. É diferente do Homecoming dos colégios, que acaba com baile, aquela coisa que vemos na TV.

          Confesso que eu aceitei concorrer a rainha na brincadeira mesmo, "ha ha ha concurso de rainha, que coisa de filme", eu pensei, "isso vai dar uma matéria engracada pra qualquer revista ou jornal que quiser comprar"... até pensei na ironia na pessoa que passou a vida na terra da Rainha da Festa da Uva (Caxias) pra acabar se metendo num concurso de rainha no meio do Kansas... só que o que aconteceu, confesso novamente, foi que eu comecei a entrar tão de cabeça no negócio, e tomou tanto do meu tempo e esforço que chegou um dia que eu estava "quer saber? eu quero ganhar essa coroa também". 

          Não ganhei (spoiler alert), mas o espírito de competitividade tomou conta de mim. Eu aprendi muitas coisas com esse concurso (e isso não é papo de candidata). Aprendi que gosto mais de competir do que pensava, que posso falar em público sem desmaiar, e que posso até andar de salto de uma forma elegante. E aprendi que o Homecoming não é um concurso de beleza e popularidade bobo como eu pensava no início - e como talvez muitos estejam pensando agora (espero, ate o final desse texto, fazer voces mudarem de opiniao). É uma tradição muito significativa pra cidade toda, e eu realmente acabei me sentindo feliz por ter tido a chance, como uma brasileira, de estar representando todos os outros internacionais do nosso campus. Diferente das outras 25 candidatas, eu não sonhava com isso desde pequeneninha, mas, super por acaso, acabei tendo a chance de viver isso também - mesmo não sendo nem parte da cultura que eu fui criada. 



         Mas vamos ao concurso. Depois que eu disse sim pro Igor, nós tivemos de entregar nossos currículos com notas, empregos, posições de liderança, envolvimento no campus e trabalho voluntário que tínhamos feito. Dessa seleção de mais de 50 participantes, eles selecionaram 36 candidatos (aquela minha vontade de vencer começou a ser alimentada nesse exato momento). 




          O próximo passo foi exaustivo, mas bom. Um domingo todo de entrevistas pessoais com 9 jurados de Pittsburg. Cada jurado fez perguntas durante 10 minutos, a maioria delas sobre como diabos vim parar em Pittsburg, Kansas (thanks, UCS), quais meus planos pra daqui a 5 anos, e o que eu faço pra fazer dessa cidade um lugar melhor. 

          Se tem algo que eu aprendi morando já há dois anos nos Estados Unidos é o quanto o desempenho acadêmico é importante e, (igualmente importante) é o quanto você se envolve nas atividades fora  da sala de aula, como organizações e trabalhos voluntários. Amo estudar aqui por causa disso: estou envolvida com a Pitt State e a comunidade praticamente todos os dias da semana - sempre me incomodava muito durante os meus anos como aluna da UCS, que apenas íamos pra aula e pra casa, e a universidade acabava ali, naquelas duas horas por dia. Aqui existe um amor pela universidade e um senso de coletividade muito grande, e eu realmente adoro isso. As pessoas amam, sério, AMAM, a faculdade. Tem que ver em dia de jogo, é inexplicável. 

          Eu, além de ir pras minhas aulas, dou aula, escrevo pro jornal e pro anuário e faço trabalho voluntário no asilo e numa escola. Porque aprendi também, que em um intercâmbio, quanto mais você se ocupa, menos saudade você sente de casa - e falei isso tudo pros jurados e eles acharam muito interessante. Foi um dia falando tanto que eu saí de lá zonza. 




Eu e Igor no dia que nos apresentamos para alguns dos internacionais,
 pedindo o apoio deles caso chegássemos à etapa de votação


parecendo muito calmos (look by Mel)


          Uma das coisas mais legais dessa semana, confesso, foi que foi uma semana inteira de usar vestido, se maquiar e arrumar cabelo. E minhas queridas amigas foram as melhores, abrindo seus closets pra mim. 




Minha primeira vez de terninho e pérolas - look by Carol






          Passadas as entrevistas, tivemos um dia de apresentação, no qual eu tive que usar salto (que não usava desde minha formatura, ou seja, 2011), e eu já estava tensa só por esse fato. Em minha mente eu imaginava mil situações constrangedoras - que quando eu fosse chamada no palco eu iria cair da escada, ou então que eu pegaria o microfone e não lembraria mais como falar inglês, que fariam comigo que nem fizeram com a Carrie, que eu desmaiaria ou vomitaria (esses medos básicos que eu também tinha no primeiro semestre que dei aula aqui). Só pensava que eu me embaraçaria tanto ao ponto de virar video campeao de views no YouTube.

          Óbvio que nada disso aconteceu, e o dia da apresentação foi muito tranquilo. Tivemos um jantar antes. Aqui no Kansas, quando eles dizem que vai ter um jantar chique, voce pode esperar o que tivemos: batata recheada. Voce ganha uma batata cozida inteira, abre ela com uma faca, e coloca nela uma variedade de tudo o que ha de mais gordo, desde queijo e bacon, a diversos tipos de manteiga que voce nem imaginava que existe. Muito sofisticado.  Foi bom esse tempo com todos os candidatos porque deu pra conversar com vários deles e sentir que todos estavam igualmente nervosos em relação à apresentação. Mesmo que, pra todos eles, inglês não era a segunda língua. Na nossa mesa, depois que a gente comeu as finas batatas, começamos a pesquisar no celular algumas perguntas do Miss America edições passadas que poderiam ser similares às perguntas feitas a nós na hora, e ficamos ensaiando e rindo. Isso ajudou. 

          Depois, nos colocaram num ônibus escolar (daqueles amarelos, de filme - porque essa semana foi a campeã dos clichês), e nos levaram pro auditório da apresentação. Sentamos no palco (os 23 reis e as 26 rainhas), e, um a um, éramos chamado lá na frente, pra responder duas perguntas-surpresa. O auditório estava muito lotado, porque as pessoas aqui adoram esse concurso, mas eu estava tão focada naquelas possíveis perguntas, que nem a quantidade de caras intimidadores das fraternidades presentes me deixou nervosa. Nem mesmo o cara sentado do meu lado, que estava surtando, me afetou (ele acabou eleito rei, depois). E eu nem conseguia ver meu coração pulsando e balançando a blusa, como normalmente acontece quando eu fico muito ansiosa pra algo. Dessa vez, por algum motivo, tudo estava ok. 
          
          Até, claro, o momento em que fui chamada. Tudo desligou. Eu não ouvia mais as pessoas gritarem, eu nem ouvi a minha própria voz. A Ale tinha me dito que na vez dela, ano passado, tudo ficou preto, entao eu estava agradecida que ao menos eu ainda tinha visao. Respondi uma pergunta sobre as mudanças que gostaria de ver no campus em 25 anos e depois uma pergunta sobre qual filme seria a minha vida, se eu tivesse de escolher um. Nessa segunda pergunta nenhum filme vinha a minha mente, sem ser Titanic. Apesar de eu DAR AULA sobre filmes, eu tive um branco total sobre qualquer produção cinematografica que não fosse Titanic. E, como não fazia sentido algum eu comparar minha vida com um navio afundando - pelo menos não no momento - eu acabei dando outra resposta, que seria um filme de uma brasileira e que escolheriam uma atriz brasileira pra me representar por causa do sotaque. De alguma forma, os americanos acharam essa parte engraçada, e a minha audição, a essas alturas, tinha voltado a funcionar, então até escutei as pessoas rirem. O objetivo era responder bem a primeira pergunta e conseguir ser engraçado na segunda (e você achando que era fácil ser candidata a rainha hein?). Gente, não é fácil ser engraçada. Em público. De salto. Em inglês. 


eu no momento fatídico. click por Mel,
obrigada por registrar isso para a posteridade
          



com a candidata do ano passado, e também minha melhor amiga, que me ajudou em tudo, desde a ensaiar respostas, emprestar sapato e dizer "você nunca mais vai querer fazer isso na vida"



         Mas teve gente que se saiu muito bem nessa apresentação. Todos os candidatos estavam muito preparados para essas perguntas - e para falar em público (teve gente que se preparou desde o ano passado pro concurso. Tinha gente, aliás, que estava concorrendo pela segunda vez). E mesmo que eu e o Igor não tenhamos ido mal (ou pelo menos não tenhamos passado fiasco), acabamos não ficando entre os top 6 finalistas, que foram anunciados naquela noite. 


Com Mel, também de Caxias



no dia da coroação, com Igor e Stephanie, que é
nossa coordenadora do International Student Association

           De qualquer forma, valeu 100% a pena. Nunca mais fico com medo de falar na frente dos outros depois daquela noite. Dar aula virou moleza agora. Pro pessoal do International Office aqui, somos rei e rainha mesmo sem termos ganhado o título, como eles nos disseram depois. E valeu por pelo menos termos mostrado que quem não é americano também têm bom curriculo, boas notas, e sabe se dar bem em entrevista e em apresentação. Ainda tem muito preconceito e estereótipo aqui. Uma das candidatas americanas, no final daquela apresentação, me disse "nossa como tu respondeu bem, eu estava com medo que tu não iria entender as perguntas!". Então acho que pelo menos a nossa participação serviu pra mostrar que nós sabemos falar inglês. 

          Brincadeiras à parte, pra mim, pelo menos, o concurso serviu pra mostrar que realmente, a vida é muito mais divertida quando você decide dizer mais sim do que não =)     Mais uma história pra minha lista, check. 



as top 6



nós e o anúncio da vencedora



a rainha e o rei =) 


          Abaixo, as fotos da parte MAIS LEGAL da semana, quando eu e o Igor desfilamos de Harley Davidson abanando pras pessoas da cidade. Inesquecível (igual diria uma embaixatriz da Festa da Uva).