terça-feira, 29 de janeiro de 2013

The night that Brazil wants to forget

Val Vita

Brazil cried the loss of 233 lives in the morning of Sunday, January 27. A fire in a crowded night club, named Kiss, in Santa Maria, Southern Brazil, was considered the biggest tragedy in the history of the state – and the second worst tragedy caused by fire in the country. Besides the deaths, more than 120 people are injured.

The police is still investigating what really happened – but survivors told that the cause was a pyrotechnics show performed by a local band. About 2,000 people were inside the club at the time of the accident – the capacity was 1,000. There was only one way out of the club – and 90% of the bodies, police said, was found in the restrooms. Because of the lack of signalization  and the thick smoke caused by the fire, people thought the restrooms were the exit.

The majority of the night clubs in my state, Rio Grande do Sul, where Santa Maria is located, is closed during this week. Parties, concerts, soccer games and all kinds of events were cancelled because of what happened. No parties this week in respect of all the victims and their families.

A few days after the tragedy, people from my state still can’t accept what happened. Santa Maria, like Pittsburg, is a college town, so the majority of the victims is students. Young people who entered the club to have fun and never left it. In that sad Sunday morning, many Brazilians, including me, couldn't avoid the tears while watching the news. All the channels were showing images of the club, destroyed by the fire, or the gymnasium of the town, where the 233 bodies were taken to be identified by the families and friends.

One story, told by a Brazilian journalist, made even the toughest ones cry a little bit. The journalist said he was talking to one of the firefighters who helped after the tragedy. The firefighter found a cellphone ringing incessantly with one of the victims – a girl, who was already dead. On the screen of the phone it said: 104 missed calls – mom.

While hundreds of moms, dads and friends try to understand what happened, the police continue the investigations (four people were already arrested – two owners of the night club and two members of the band). All the clubs in the state are being verified, so a tragedy like this never be repeated.   

(From: The Collegio)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Noites acordadas numa cidade que cheira a maconha

A insonia voltou. Of course it did. La fora, na Marechal Floriano Peixoto, um novo carro passa tocando funk no volume maximo. Tao maximo que entra nos meus sonhos e me traz de volta pra esse mundo real.

Wtf am I doing back to this country?

Uma moto acelera muito alto. E as pessoas gritam, meu deus, como pode ter tanta gente ali embaixo? Escuto o que parece ser um tiro. O aglomerado de vozes continua. Eh muita. muita gente. Juro que essas devem ser as saidas de baile funk mais barulhentas de Porto Alegre. Se tem gente que aguenta pior que isso merece premio.

Na cama do lado, o Eri dorme como se fosse imune a toda essa confusao. Todos do apartamento dormem. Sempre invejei pessoas de sono pesado.

Tento tomar agua direto da garrafa de dois litros. A agua esta quente. O ventilador luta pra refrescar o quarto. Nem esta tao quente. Dias piores fizeram em Dezembro, dizem.

Sao 5 da manha. Muito cedo em Caxias, muio tarde em Pittsburg. Abrir o Facebook pra conversar eh useless. Radialistas de Caxias que acordam cedo, eita profissao, fazem questao de postar ja a essa hora que o final de semana foi violento no Rio Grande do Sul - 25 homicidios e a tragica noticia de que um bebe foi encontrado no lixo em Caxias.

Na minha cabeca a maldita 'Vodka ou agua de coco', pelo o que deve ser a decima vez no final de semana, comeca a tocar. Quem eh Naldo e porque essa musica grudou na minha cabeca dessa forma?

Tudo comecou quando eu assisti o programa da Regina Case no domingo de tarde. Foi aih que eu vi o Naldo pela primeira vez. Que tristeza.

Regina entrevista o secretario de seguranca do Rio. Ele faz cara de quem obviamente nao queria estar la, admitindo o quanto a cidade ainda tem problemas mesmo depois da pacificacao.

Regina entrevista moradores na plateia: "Voce foi vitima da violencia", ela afirma, ao inves de perguntar, a uma mulher. A entrevistada chora e conta da "bala achada, e nao perdida, que acertou a irma dela na cabeca enquanto as duas estavam na cozinha da casa". O secretario recebe close e faz cara de paisagem.

A proxima materia vai mostrar gurias da favela de vestido longo e rodado realizando o sonho de debutar. Foi na frente da TV que eu soltei sem querer um "Eu nao gosto desse pais."

Durante a noite de ontem decidi assistir ao filme da Frida Kahlo, pra distrair. Frida morre (spoiler que voce ja deveria saber, claro). Antes de morrer, uma de suas frases grudou na minha cabeca: "Espero alegremente a saída - e espero nunca mais voltar."

La fora, finalmente o barulho na Marechal Floriano cessa. O povo que ha poucos minutos gritava e acelerava foi pra casa. Como essa gente trabalha na manha de segunda?

Porto Alegre esta feia. Suja.

A cada esquina um mendigo desmaiado num colchao velho, dormindo com as meias encardidas e furadas a mostra.  O cara que fez nosso cachorro-quente na Republica nao lavou as maos. Nem usou luva.

A cidade cheira mal. As ruas mais antigas cheiram a xixi. A Redencao cheira a maconha barata. A multidao de artistas que ensaiava para um bloco de carnaval na tardezinha de domingo parecia muito feliz - feliz como se fosse alheia aos problemas do mundo. E alheia a aquele cheiro.

Me disseram que na volta pro Brasil ateh os cheiros iam ser diferentes. Nao acreditei. Estava errada. A cada quadra eh um cheiro diferente, que os outros nao percebem. Ou nao se incomodam.

Como a cidade pode ter mudado tanto em um ano? Sim, eu sei. Nao mudou.

Tento ouvir meu Barulho de Chuva e Sons da Noite, baixado no meu celular, mas o telefone esta quase morrendo. Enquanto o celular carregava decidi escrever esse texto. Pronto. Achei um proposito pra esse blog de titulo obsoleto que todos os meus amigos diziam pra eu deletar. Vou continuar escrevendo. Substitui, forcadamente, os textos de Conheca os Estados Unidos, por Conheca o nosso Brasil - e tente viver nele. Um texto por insonia.

(Prometo que vou configurar o teclado para Portugues  pra voltar a dar aos pobres leitores um texto digno, com acentos e crases)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Voltando pra casa

Voltar pra casa depois de um intercambio eh uma experiencia punk. Voce acha que vai passar por varias coisas -  da euforia total ao abismo da depressao - mas no meu caso, por enquanto, a única fase que eu tenho vivido eh a da ‘cara de paisagem’. Talvez seja precipitado para escrever um texto assim, ja que to no Brasil ha apenas 10 dias. Mas a sensacao que eu tenho eh que ninguem consegue, e nem vai conseguir, entender tudo o que aconteceu e qual a sensacao de voltar para casa depois de tudo isso. Por isso eu aderi a cara de paisagem.

Ateh agora uma das minhas conversas mais úteis foi com o Jeferson, que me fez entender algo que eu estava tentando ha dias. Ele disse que leu um negocio sobre uma psicóloga especializada em depressao pos viagem (nao que eu esteja na depressao, muito pelo contrario, to ate umas dez vezes mais feliz do que eu era quando sai de Caxias). Mas entao, essa psicóloga dizia que o maior motivo pras pessoas ficarem tristes quando voltam de uma viagem dessas eh que as pessoas nao fazem pergunta alguma. Elas nao estao nem aih, nao querem saber. E eh isso o que eh difícil de aceitar sabe, quem passa um ano fora, que nem eu, ou um mes, que seja, como foi o caso do Jeferson, viveu muita coisa legal. Mas isso nao faz diferencia na vida das outras pessoas. E eh isso o que eu nao tinha entendido – e que agora to comecando a aceitar. Porque realmente, nao eh da obrigacao de ninguem se importar. Para mim, o que perguntam eh: “E o teu namorado?!”, ou entao “Tu ja tem um emprego em vista agora?”. Cara de paisagem para as duas perguntas.

Tudo melhora com o passar dos dias, isso eu aprendi. Nos primeiros eu achei que ia pirar sem estar em Pittsburg. E o panico comecou quando eu tava ainda no aeroporto de Nova Iorque, no inicio do mes. A questao eh que saimos de NY. NYC, o recinto da clase media alta brasileira, que passou as ferias enchendo o c* de compras na Times Square.

Eu, a Natalia e o Fabio estavamos bem tranquilos esperando no saguao do aeroporto, ateh que deu a hora do embarque. Foi a partir do portao de embarque que dava a Sao Paulo que o choque cultural – que nao eh um mito – comecou. Foi assim, instantaneo. No momento que cruzamos aquela porta, ninguem mais falava ingles. Era gente reclamando, crianca e pre adolescente brigando com os pais… O povo vestindo aquelas camisetas I <3 NY, as mulheres de salto alto, relogio dourado, exibindo aqueles cabeloes com reflexos, aquela coisa bem brega, que soh brasileira mesmo para achar que esta causando. E as pessoas nao paravam de falar!

Comecei a olhar pras saidas, nao to brincando, me deu calor, queria ir embora dali, voltar para calmaria do Kansas, onde todo mundo era amavel – e onde nos eramos os estudantes brasileiros de intercambio em Pittsburg – a partir daquele portao de embarque nos eramos apenas mais tres brasileiros naquela massa consumista que tava embarcando de volta para casa carregada de compras.

Quando entrei no aviao eu finalmente colapsed, como se diz. Acho que foi soh nesse momento que eu percebi que tinha acabado meu ano lindo (Meu ‘Comer, Rezar e Amar’, como eu costumo dizer – soh que sem a parte do rezar). Dai eu comecei a chorar. Muito. Aquelas lagrimas que saem com tanta forca que nao escorrem pelo rosto, mas jorram para frente, tipo chafariz. Cada vez que o piloto repetia ‘esse eh o voo tal, com destino a Sao Paulo’ eu chorava mais ainda. Nao tava nem aih pro aviao lotado, nao conhecia ninguem mesmo. Mas acho que a mulher do meu lado ficou preocupada e teve uma hora que ela finalmente perguntou: ‘tah tudo bem?’.

Parei de chorar mesmo mesmo quando cheguei no Brasil de manha. Quando pisei no aeroporto abafado de Guarulhos eu decidi que tava na hora de ficar feliz por estar indo para casa, encontrar meus pais depois de um ano. E foi sorrindo que eu disse ate bom dia prum cara do aeroporto, e tudo o que me respondeu de volta foi:

“TAH VINDO DAONDE?”
“Nova Iorque”
“AH, ENTAO PASSA AQUI NESSE CORREDOR”

De todo aquele povo cheio de compras, eu fui uma das paradas na alfandega. Logico. Passaram minhas malas no Raio X, e como la nao tinha nada, alem das minhas roupas e muitos moletons da universidade que eu comprei pra mim, me liberaram. 

Mas nem isso tirou meu sorriso. Cheguei no guiche da Gol e de novo insisti: “BOM DIA”. A mulher pegou meu passaporte e nao me respondeu. Foi ese o meu bem vinda ao Brasil. No voo da Gol de SP a Porto Alegre nao tinha comida, tinha que comprar - em reais, apenas. Soh tinhamos dolares. Ficamos sem comer. Obrigada, Gol, por pensar sempre nas pessoas que voltam de fora. 

Os dias melhoraram significavelmente depois disso. Foi bom voltar para casa, foi mesmo. E foi maravilhosa a ideia da minha mae em me levar passar uma semana em um lugar onde ninguem falava portugues: Canasvieiras, Florianopolis. Uma semana no sol e no mar, cercada de gente falando espanhol. 

Foi la que eu comecei a acreditar que tudo o que eu tinha que ter vivido em Pittsburg eu vivi. Sinto saudades diarias de pessoas que conviviam comigo, mas penso que ao inves de ficar triste eh mais facil ficar feliz por ter tido todas elas na minha vida, presentes todos os dias, por pelo menos um ano. 

Enquanto vou me desapegando da minha antiga vida, vou me acostumando com a minha nova. A Renata ajudou bastante, com seu tratamento de choque escrevendo sempre em Caps, MEU, TUA VIDA EH AQUI. 

Mais uma vez, nao faco ideia do que vai acontecer. Mas ja me vi nessa situacao tantas vezes nos últimos anos.. Prefiro, entao, acreditar que o melhor ainda esta por vir ;)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

New Year’s Eve na Times Square – a experiência

Aviso: por mais exagerada que possa parecer a descrição dos fatos, eu juro que foi exatamente assim que aconteceu.

     Existem algumas coisas nessa vida que você deve fazer apenas uma vez. Para mim, uma dessas coisas foi ter viajado de ônibus nos Estados Unidos. Atravessei cinco estados inteirinhos com um ônibus pinga pinga que parou em 80% das cidades desses estados. Em grande parte dessas paradas eu era obrigada a descer do ônibus e pegar as malas, para embarcar em outro ônibus. Do Kansas (onde eu estava morando) até Nova Iorque (onde eu passaria o Natal e Ano Novo de 2012/2013), a viagem levou 37 horas. Depois de uma experiência dessas, você pensa que já teve sua cota de indiada por pelo menos um ano. Só que não. Porque vocês e seus amigos decidem passar o Reveillon na Times Square. Vocês e mais muitos milhões de pessoas.
     Nós e mais esses milhões de turistas estávamos empolgadíssimos com a ideia de ver a bola cair na Times Square. Mas ver a bola cair, meus caros, não foi nada como a gente imaginou. A gente foi ingênuo também. Todo mundo nos dizia 'you guys are crazy'. E, por algum motivo, a gente não os escutava. Primeiro aprendizado: quando alguém disser 'vocês são loucos', acredite. Não tente ir contra o que as pessoas estão te recomendando. Elas sabem do que elas estão falando.
     Então, contrariando a todos, colocamos grande parte das roupas de inverno (porque estava muito, muito frio) e fomos até a Times Square às 17h do dia 31 de dezembro de 2012. Cinco da tarde pareceu um horário razoável _ não eram 14h, hora em que as pessoas lunáticas chegam pra ficar quase na grade, mas também era um horário suficientemente bom pra pegar um bom lugar. Só que não era.
     Quando a gente chegou lá, a cena era de Titanic, naquela hora que eles fecham as portas das terceira classe para a terceira classe não subir no barco e se salvar. Todas as ruas que davam na Times Square estavam fechadas. E os policiais gritando: move ooon, move ooon guys. Dai a multidão ía. Chegamos até a Rua número 52, onde disseram que dava pra entrar. Tinha muita gente naquela entrada, gente que eu não conseguiria nem dimensionar. E tinha uma fila para entrar na rua. Nesse momento, começamos a ser brasileiros (mesmo que entre os meus amigos havia um alemão e um espanhol). Nos metemos no começo da fila e entramos, fingindo não entender inglês, quando a galera começou a gritar "There is a lineee, is a liiineeeeee". Eu sei, horrível, mas vocês tem que entender que a gente queria muito ver aquela bola.
     Só que o universo nos castigou por ter furado a fila, e, quando os policiais tiraram uns cavaletes na esquina e a gente pode entrar, toda a galera de trás começou a empurrar. Mas não empurrar estilo Planeta Atlântida ou carnaval do Rio. Empurrar como se estivessem lutando pelas suas vidas. Não tinha nem como sair de lá. Não tinha como desmaiar também. Se eu morresse lá, meu corpo teria sido levado pela multidão. Era japa, era indu, era brasileiro, paraguaio, italiano, era gente com mala, gente com caixa de pizza... Depois que passou a parte da empurração, chegamos no lugares determinado pelos policiais. Só que era horrível! Não apenas não víamos a bola, como não víamos nem o prédio onde ela estava. E, contrariando nossas expectativas, não tinha telões! Nosso instinto de 'vamos ver essa bola de qualquer jeito' falou mais alto. Fizemos um plano de pular a cerca quando nenhum policial estivesse olhando, para entrar em um Mc Donalds na esquina, atravessá-lo e chegar em um outro bloco. Conseguimos. Não sem antes passar pelo momento 'sardinha entalada' número dois. Naquela hora eu fui tão empurrada que fui jogada, literalmente, em cima de uns cavaletes. 
     Com isso, deixamos uma galera pra trás. Conseguimos um lugar muito melhor, onde víamos tudo, estávamos na rua 50, há uns nove blocos do prédio onde tudo ia acontecer. Tivemos uns breves minutos de felicidade e sentimento de vitória. Até nos abraçamos.
     Só que a felicidade durou pouco e o frio começou a bater. Demais. Estava zero grau, não estava nem negativo, mas tinha um vento que castigava. E tínhamos de ficar parados por sete horas. Tentamos sentar no chão, um encostando as costas no outro, para nos apoiarmos, e fizemos uma pirâmide humana de calor. Botei uma caixa vazia de Pizza Hut no chão pra não gelar a minha bunda. Aguentamos por duas horas que pareceram meses. Estávamos o retrato da dor, teve gente que até tirava foto de nos, oito amigos, tremendo juntos. Eu tentava escrever mensagens de Feliz Ano Novo no meu cel pra mandar pra uns amigos e não conseguia mexer os dedos. 
     Nada está tão ruim que não possa piorar e, nessa hora, todo mundo começou a ter muita vontade de fazer xixi. Porque fome e sede dá para aguentar, mas sete horas sem fazer xixi é muito desafiador. Ainda mais no frio. Você tem que preparar o corpo _ só tínhamos tomado um pouco de água no almoço e nada mais depois _ e o psicológico _ repetindo 'eu não estou com vontade de fazer xixi, eu posso aguentar até depois da meia noite'. Só que não adiantou. O problema não era que não dava pra sair do espaço para ir ao banheiro. O problema era que NÃO TINHA banheiro. Dá para acreditar? O maior réveillon do mundo e não tem banheiro químico? Nessa hora eu comecei a entender o que uma amiga tinha me falado, que algumas pessoas usam fralda pra ir na Times Square. Eu não tinha acreditado. 
     Conseguimos, depois de muitos 'nãos', um restaurante que nos deixou usar o banheiro. Depois disso, tudo pareceu menos sofrido. E já eram quase 23h. Tínhamos aguentado já seis horas de frio. Então finalmente entramos no clima de réveillon na Times Square. Aguentamos mais uma hora tremendo, quando teve os shows do Psy e da Taylor Swift, mas não conseguimos ouvir nada porque a Times Square não tem caixas de som. Só escuta quem esta no primeiro bloco. Eu penso em milhões e milhões de pessoas perto de nos e atrás de nos que saíram frustradas de lá, achando que iam para 'a balada' do ano, quando, na verdade, ficaram no maior silêncio a noite toda.
     A única parte realmente boa foi a contagem regressiva, que começou no um minuto. Dai todo mundo gritou muito. Quando deu meia noite, a bola desceu, mas foi super rápido, e ela desce a apaga, e todo mundo (incluindo os brasileiros atrás de nos) falaram: "é isso?". Teve uns fogos de artifício, mas nada do que achávamos. Foram tipo 20 segundos de fogos. E acabou. Até em Arroio do Sal eu vi mais fogos, gente. Até em Caxias, onde eu moro, eu vi mais fogos.
     A gente passou horas de frio, xingamentos, privação de necessidades básicas, e não valeu à pena. Valeu só por duas coisas: para poder escrever esse texto e deixar dito que passar o réveillon na Times Square é uma péssima ideia para o seu final do ano; e para poder contar pros meus filhos e netos que, quando eu tinha 25 anos, eu e mais sete amigos sofremos o calvário para poucos segundos de emoção. Nos tiraram comida, bebida, espaço pessoal e banheiro. Mas essa história, pelo menos, ninguém nunca vai poder nos tirar.