quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A formatura, um ano depois :)

Nos formamos. Todos os alunos que chegaram em janeiro, que nem eu, e passaram um ano aqui, acabaram seu programa de intercambio. Foi uma formatura digamos que simbolica, porque temos ainda essa semana e a outra com trabalhos e provas, e ta tudo muito corrido. Odeio o fato de que estou passando meus ultimos dias aqui estudando e escrevendo. 

A formatura foi bem legal, de qualquer forma. Nao sei nem como explicar o quanto esse ano passou rapido. E pra nao comecar o blablabla de como eu estou me sentindo triste de ter que ir embora de Pittsburg, e estou andando por ai igual a um zumbi, eu decidi que nao vou escrever nada. E soh vou postar as fotos :)

Com a Cathy Lee, a professora que nos recebeu na primeira semana aqui



Com a Natalia, que eh gaucha tambem, e passou por tudo comigo, desde o comeco


Com o Joud, que eh brasileiro, e, sortudo, tem ainda mais um semestre aqui



Com o mais lindo de Pittsburg, meu namorado, logico

Com os brasileiros desse semestre

Com Rod e Gui

Certificado que recebemos

Com minha roommate querida, e conversation partner de frances, Anne-Sophie


Com toda turma que se formou no outono de 2012


No karaoke que todo mundo foi depois da formatura. Porque em Pittsburg se celebra com classe.


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Sobrevivendo a comilança do Thanksgiving e ao Black Friday

Bem vindo a Afton, Oklahoma. Uma cidade muito agradavel com pouco mais de mil habitantes. Sim, mil, voce talvez tenha lido rapido e nao tenha percebido.

Passei o feriado de Acao de Gracas na casa da Jakey, minha Pitt Pal e uma das minhas melhores amigas, e os pais dela moram aqui em Afton. A casa da Jakey eh um amor, nao sei se ja escrevi isso aqui, quando passei a Pascoa com eles. Eh uma casinha de madeira, cheia de quadros de fotos por todos os lados, ateh nas paredes do banheiro. Tem mil coisas espalhadas por todos os lados, o que me faz rir e pensar que se minha mae estivesse aqui ela nao aguentaria meia hora sem comecar a organizar tudo. Alem das coisas, tem uns cinco gatos, e eu e eles mantivemos uma relacao de amor e odio durante todo o feriado. Obrigada a Deus por um remedio antialergico que a mae da Jakey me deu, senao eu nao estaria respirando nesse momento.

Com a Jakey
Tirando os gatos o feriado foi maravilhoso. Dias tipicos de americano, que eu adoro. Comer no sofa e ver TV. Eu saia la fora soh quando minha latinha de coca acabava, pra pegar mais, porque o cooler tava la na varanda. Soh escrevo isso sem pudor nenhum de admitir, porque quando nao eh feriado eu passo a semana fazendo temas, escrevendo materias e tentando organizar a publicacao de um jornal onde os reporteres decidem desaparecer com suas respectivas materias poucas horas antes do fechamento. Ser editora eh estressante, gente, agora eu entendo porque a maioria eh tao mala (sem ofensas, tive editores muito bons nos meus ultimos meses em Caxias.) Na ultima semana eu tava explodindo quase com os reporteres. Nao to nem pedindo que sejam bons, soh que tenham responsabilidade. Eh demais? Bem que o meu pai dizia que ele tinha saudades do tempo que ele era empregado e nao chefe..

Bom, voltando ao que interessa: eu precisava de um tempo. Um tempo pra ficar de calca de abrigo, moletom da universidade e oculos, sentada no sofa sem se preocupar com nada. Soh faltou arrotar, que nem os americanos fazem, mas isso eu nao aprendi a fazer, juro.

Sempre disseram que o Dia de Acao de Gracas eh um dia para (alem de agradecer) para comer ateh passar mal. E assim fizemos. Os americanos cozinham peru, alem de pure de batatas, stuffing (que eh tipo, o recheio do peru, que eles comem separado), green beans casserole, tortas de abobora, de batata doce, sobremesas de cranberry.. alem de muitos e muitos molhos, que eles te fazem colocar por cima de tudo.

De manha assistimos a parade, um desfile de acao de gracas, que eh organziado pela Macy's, com uns baloes gigantes, nas ruas de NY. E depois de comer assistimos um jogo de futebol americano. O engracado eh que a janta foi as 3 da tarde. Pouco estranho isso? 3 da tarde.. Ateh pros meus parametros (eu janto as 5h30) foi cedo.

Eu gosto dessa vida de comer cedo. Pensem se nao faz sentido.. Pra que morrer de fome e esperar uma janta ficar pronta as 9, 10 da noite? O negocio eh comer as 3, galera.

Depois de comer, a Jakey conheceu minha mae no Skype, e eu fiz traducoes simultaneas. Foi bem engracado. Ela aprendeu a dizer Feliz Acao de Gracas. E ja sabia dizer Oi, tudo bem haha

No resto daquele dia eu achei que nao seria mais capaz de comer nada na vida, de tanto que tinha comido. Mas eh que a mae da Jakey cozinha bem, o que eu posso fazer? Bom, estava enganada. A uma da manha eu estava com fome de novo e assaltei a geladeira. (No dia seguinte, eu comi xis bacon e fritas.. sim, I know.. o mais estranho eh que eu estou tao magra quanto estava quando saih do Brasil. Alguem deveria me entrevistar!)





Pigs in a blanket, ou enroladinhos de salsicha, como queiram :)

Depois do Acao de Gracas, vem o que os americanos amam muito tambem, o Black Friday. Eu me recusei a sair de casa de noite, pra ficar na fila do frio, esperando as lojas abrirem pra ter que lidar com uma multidao consumista. Em vez disso, fiquei em casa e decidi comecar a assistir Walking Dead, ja que gritam tanto por esse seriado, eu queria ver qualeh neh. Assisti por mais de cinco horas.


Foto que o meu amigo Rodrigo tirou, de uma loja de eletronicos, as 7h30 da noite, sendo que o lugar soh ia abrir as 12h

Minha amiga trabalha na Macy's do shopping de Joplin e teve que ir trabalhar as 4 da manha, pobrezinha. Fomos buscar ela de tarde, e passear pelas lojas. Acabei a black friday gastando soh 10 dolares (alguem deveria me entrevistar2)

No dia seguinte a mae da Jakey foi ver as noticias, pra ver se alguem tinha levado tiro. Porque aqui em Oklahoma eh ainda pior que o Kansas, e tem uma lei que qualquer um pode carregar uma arma assim anywhere laalalala, entao nao seria surpreendente se os caras tivessem se atirado na disputa pelas promocoes. Dizem que sempre sai noticia tambem de gente que se machuca quando as portas abrem. Eh tao ridiculo que seja a ser engracado neh? Tipo, vao viver a vida minha gente.

Bom.. Black Friday experience nao me fez falta. Foram otimos dias aqui. O triste eh que acho que foi minha ultima vez na casa da Jakey. Daqui a um mes vou embora jah :(

Alem de mim, quem veio comer aqui tambem foram os nossos amigos arabes. Foi a primeira vez que eles comeram peru! Foi super divertido. Pra voces verem como a familia da Jakey eh legal, quantos americanos sera que abririam a casa num dia tao tradicional como esse pra uma brasileira e seis arabes?


Com a minha familia americana preferida, os Dobbs :)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

John Brown - off the field








John Brown - off the field


Val Vita


In the night when John Brown’s older brother, James, was shot three times outside a Miami nightclub, in July 2010, Brown’s cellphone was dead.

“And I let it dead,” said Brown, today, a wide receiver playing for the Gorillas. “When I turned it on there were a lot of voice mails and text messages. I called my mom and cried, but I didn’t believe. I just believed when I saw him.”

Brown, at the time, was playing in Coffeville, Ks., and went back home, in Homestead, Fla., right after he got the bad news. James ended up dying, and the loss of a real close brother wasn’t something easy to handle for Brown.

“Since he was gone I thought about giving up on school, on life,” Brown said. “It was the end of semester and I didn’t want to come back. But then I remembered what he always told me: ‘If I don’t make it my little brother will’. So I decided to take it as a good thing, not as a bad one.”

That’s only one of the happenings on Brown’s life that makes you think that his real story is not in the football field. If someone wants to understand who Brown really is, is important to understand everything he went through, and the way he handled where he came from.
Born in April 3 of 1990, in a suburb of Miami in extreme southern Florida, Brown started playing football when he was 5 years old.

“My childhood was rough,” Brown said. “Growing up where there is a lot of gangs and violence, the only way to make it was playing sports.”

It was with his brother, James, that he learned how to play football.

“In my neighborhood, football was the only sport we knew and care about,” he said.

Until today, Brown’s family lives in Florida, and he goes visit them during some school breaks, not always, according to him, because the flight tickets to Florida are expensive.

Brown has been living in the Midwest since 2010, when he went to study and play at Coffeyville Community College. It was there where the Pittsburg State football coach, Tim Beck, saw him practicing and offered him a scholarship.

“And it was the best decision I’ve ever made,” Brown said.

Today, Brown is one of the premiere players in NCAA Division II, and hard work is part of his life philosophies.

“I practice every day, even on breaks like Christmas and New Year’s, and even when I go home,” he said.

He says he loves the feeling of being in the field. If some players prefer the kickoff, he says his favorite part of the game is when there are only 30 seconds left.

“Who’s going to be the bigger player? Are you going to fall or are you going to score? I am a person who loves pressure.”

Majoring in social work, Brown is planning on graduating at the end of December 2013. After that, he says he want to continue playing football in the next level.

“And I want to be able to help kids back home that I know are going through the same I did. I want to change that.”

Besides these kids, Brown’s attention goes to a very special one: his daughter, Caia, born in April 2012. Caia lives with her mom in Miami, and he can see her every time he goes back home. Brown’s Facebook picture is a picture of Caia, wearing Pitt State clothes, where you can see number 5 and the word “daddy.”

sábado, 17 de novembro de 2012

Conversando com as mulheres da Arábia Saudita

Desde janeiro quando cheguei me impressionei ao ver mulheres da Arabia Saudita pelo campus, vestidas com aquelas roupas cobrindo o corpo e o rosto todo. Passei meses observando essas gurias, sem nunca ter ouvido a voz de nenhuma delas, ateh que essa sexta a noite um dos meus sonhos de reporter se realizou: pude entrevistar varias delas :)

Foi um evento chamado Saudi Ladies Night, onde soh podia entrar mulher. E foi demais. Imagina o choque em ver as mulheres que eu estava acostumada a ver todas cobertas de preto da cabeca aos pes, vestidas como mulheres normais, com vestido curto, salto, decote, maquiagem, salto alto. Dancando, muito. Dancando ateh em cima das mesas. Ate hoje nao acredito acho.. que conversei com todas elas e que pude perguntar tuudo que eu sempre quis saber.

Homens eram proibidos no evento, alem de cameras fotograficas, porque elas estavam sem veu nenhum. Soh pudemos fotografar no final, quando todas elas puxaram as roupas e os veus pretos das bolsas. Dai a gente pode tirar fotos com umas roupas arabes e com as gurias (coloquei umas fotos ali embaixo, creditos, minha roommate querida, Anne Sophie :)

Primeiro elas explicaram um monte de coisas sobre a cultura delas.. depois teve uma janta muito deliciosa com comidas arabes (umas coisas muito boas, outras com um tempero muito estranho).
Daih eu pude entrevistar.. O bom de ser reporter eh que dah pra fazer qualquer pergunta que tu tenha vontade, porque vai usar pra materia ne. Dai descobri muitas coisas sobre elas. Uma delas eh que elas nao podem dirigir na Arabia. Eh uma coisa soh de homem isso la. O engracado eh que em Pittsburg todas elas dirigem e tem carro. Soh que quando elas voltam pra casa elas nao podem dirigir. Dai perguntei pra uma delas se isso nao incomodava ela, e ela disse que nao, que la todo mundo tem motorista particular (tipo Brasil neh)

Isso leva a segunda coisa que descobri: elas sao de um povo que tem muito dinheiro, tipo muito mesmo. Eu ja sabia isso pelos amigos guris arabes que eu tenho.. mas sei la, elas nos explicaram umas coisas, do tipo que gastam muito dinheiro fazendo compras, gastam facil mil dolares num vestido, e quando uma delas tem um bebe, essa mina passa 40 dias na casa da mae, sem fazer nada, soh ganhando ouro, OURO (tipo Brasil). Eh muito dinheiro, gente. O governo paga pra eles virem estudar aqui. Alem de pagar a universidade dao um puta salario pra eles ficarem aqui (tipo Brasil. tah parei, parei)

Uma delas me explicou que elas nao podem ter namorados. Quando o cara pede a mao delas em casamento pra familia, elas podem aceitar ou nao, pelo menos. Daih perguntei se tinha que casar virgem (reporter eh foda neh), e ela disse looooooogico, que o PIOR PECADO eh transar com o cara se ele nao eh teu marido. Eu percebi que elas casam jovens, la pelos 20, 21, porque varias das que estavam lah jah sao casadas e tem filhos. A familia mora toda aqui.

Uma outra menina explicou que elas soh podem tirar o veu quando estao com homens da familia. Tipo marido, pai, irmao, filhos. Se elas vao ver qualquer outro homem tem que se cobrir. Segundo essa menina, isso vai evitar que os homens traiam. Porque o teu marido nao vai se sentir atraido por outra mulher e ela esta toda coberta neh. Alem disso, ela disse, quando elas estao toda de veu, elas sao todas iguais. Entao ninguem vai se achar no direito de tratar bem uma mulher bonita ou tratar mal uma mulher feia. Quando ela falou isso, de alguma maneira muito estranha, achei que ateh fazia um certo sentido. Mas mesmo assim, nao sei como elas nao se incomodam pelo fato de usar aquilo quase todo o tempo. Porque muitas gurias que a gente viu la eram super bonitas, bonitas mesmo.. E elas tem que comecar a usar esse veu desde o dia em que ficam menstruadas pela primeira vez.


Perguntei pra essa mesma menina se elas iam em bares e boates e ela disse que nao. Porque os arabes nao podem beber. Mas existem lugares pra ir dancar, ela disse. Soh pra mulheres logico. "A gente faz TUDO SEPARADO".


Foi interessante porque ao mesmo tempo que elas explicaram as diferencas entre elas e nos, elas mostraram que tem semelhancas tambem. Tipo teve um desfile, que mostraram o que usam em casamentos, etc, e depois pergntaram, o que voces acham que a mulher arabe usa quando esta em casa? daih sai uma delas vestindo um pijaminha do Angry Birds.

O evento valeu a pena, e as entrevistas foram otimas. Acho que a materia vai ficar bem legal. Depois posto aqui.

Aqui vao duas das fotos que a gente tirou.


Anne-Sophie (servindo cha para o nada), eu e Helena com as roupas que a gente podia escolher la


As arabes e as americanas que estavam no evento. Adoro essa foto.



terça-feira, 13 de novembro de 2012

Pittsburg, uma cidade de gente muito peculiar




    Para voces terem uma ideia do tamanho dessa cidade aqui vai um exemplo: as pessoas aqui    conhecem os bombeiros pelo nome. Tpo, ‘la vem o bombeiro Bob!’

Dito isso voces conseguem entender porque Pittsburg jah eh diferente de qualquer oura cidade que podemos ter conhecido.

Costumo conseguir otimos perfis aqui pro jornal, porque as pessoas sao, sem fazer esforco nenhum, exóticas.

Ha um tempo eu escrevi aqui sobre uma cabra chamada Emma. Tinha entrevistado o dono dela, Joe, para uma materia. O Joe, um cara super magrinho, com cara de desenho animado, veio pros Estados Unidos de um campo de refugiados da Austria quando era crianca. Aqui ele fez milhoes de coisas, entre elas, criar uma cabra. Por isso que eu acabei na casa dele ha uns meses atras. E daih que uma vizinha me disse que ele passava o dia em cassinos. Mas eu nao dei muita bola, e ele nao mencionou isso na entrevista, lógico.

Ha um mes o Joe apareceu na redacao pedindo por mim. Gelei, porque, juro, quando uma fonte me procura eh para me cagar por eu ter feito algo errado ou ter deixado alguem muito puto. Dai que me surpreendo quando o Joe me da um super abraco (totalmente estranho para mim ganhar abracos, porque americanos nao abracam nunca jamais) e diz que a Emma ta gravida. E que os bebes cabra vao nascer em janeiro.

Pouco incrivel essa historia?

Dai semana passada, estava num bar com uns amigos. Do nada chega uma velhinha, que nem andar nao andava mais. Estava naqueles carrinhos que eles usam aqui, uns carrinhos bizarros que fazem um baita barulho quando eles dao reh. Tipo uma cadeira de rodas, soh que com motor, sei la. Entao essa velhinha chega, vai ateh o bar e pede uma bebida. Como se nao bastasse acende um cigarro (juro que isso eh verdade).

Um pouco depois chega o Joe, que, claro, eh amigo dessa velhinha. Eu fui falar com ele e ele se lembrava ainda do meu nome, nao sei como. Ele me deu outro abraco (ainda nao estava preparada para isso). Junto com ele tinha chegado uma oura velhinha, de cabelo laranja, como oculos de cordinha e com um dente a menos, mas muito simpática.

Converso um minuto com o Joe e ele tira de dentro da camisa (juro) uma foto super grande e me mostra. Voces acham que eh a cabra neh? Nao. Eh uma foto dele, extremamente sorridente, com um cheque gigante escrito $ 8 mil dólares.

_ Joe, tu ganhou 8 mil dólares no cassino?
    Sim!!!

E nisso, a velhinha de cabelo laranja me estende a mao e me mostra o anel de noivado que o Joe comprou para ela com parte do dinheiro.


Joe, voces ficaram noivos?!
Sim, e a gente vai ir para Vegas!


Eu nao sei se ri mais da noiva dele, da foto do cheque que ele carrega dentro da camiseta ou da outra velhinha de 90 anos do lado deles celebrando o noivado dos amigos bebendo e fumando. Soh acontece em Pittsburg isso, gente.


Sei que do nada ele abre a carteira (cheia de grana) e me da 20 dolares. Eu devolvi e disse que nao precisava, lógico, que era para ele ficar com o diheiro, e ele ‘naaaaaaaaaaaaaaaoooo, compra bebidas para todos os teus amigos hoje, eu tenho muito mais’

Fim da historia que comprei umas 10 bebidas (porque era uma noite que se bebe a $1 aquí) e com o resto ainda comprei Subway para mim e para mina roommate jantarmos. 

E o Joe saiu do bar de mao dadas com a noiva, nao sem antes me dar um outro abraco.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

42 tecnicas de entrevista que todo reporter deveria saber (aprendidas em Chicago :)


Semana passada passei cinco dias em Chicago, com a equipe do jornal que eu trabalho aqui. Era uma convencao de jornais de universidade de todo os Estados Unidos, entao a gente passou os dias em workshops de jornalismo com os melhores profissionais de jornal do pais palestrando. Foi um sonho de qualquer reporter. Faziamos isso durante as manhas, de tarde podiamos passear por Chicago (que eh lindo!) e de noite tinhamos criticas com especialistas. Eles analisavam e rabiscavam nosso jornal sem do nem piedade. Foi privacao de sono, mas valeu a pena. Fui em muitos workshops, mas as melhores coisas que aprendi, principalmente sobre entrevistas, escrevi aqui, porque acho que sao dicas muito uteis (e vieram de caras do NYT, Chicago Tribune e etc) :)



Conte a historia que precisa ser contada -  ese eh seu papel, se voce nao fizer, ninguem mais vai fazer

Veja o que precisa ser feito e faça (disseram que eh assim que se passa de reporter a editor)

Pergunte para a fonte: “você viu isso ou alguém te contou?” “Isso eh um fato ou eh uma opinião sua?”

“Apenas me conte o que aconteceu” e tenha paciência de um policial pra escutar toda a historia que a pessoa vai te contar

Em entrevistas com parentes de pessoas que morreram, sempre comece com um “sinto muito pela sua perda”. Nao exija uma entrevista. E explique que quer falar sobre a vida da pessoa, e nao sobre a morte (porque todo mundo sabe que a pessoa morreu). Se conseguir essa entrevista, voce tem que escutar. Se a fonte disser que eh para voce ir na casa, voce vai na casa, e nao vai insistir para fazer por telefone

Nao chore em entrevista

Repita antes de uma entrevista difícil: eu sou bom o suficiente, as pessoas gostam de mim 

Nao finja que entende se voce nao entende (“voce eh tao estúpido quanto o seu publico”, entao nao finja saber tal assunto se voce nao sabe)

No final da entrevista pegue o numero de telefone do entrevistado

Perguntas dificeis: jogue logo no comeco da entrevista. Se deixar pro final, da a chance de o entrevistado dizer “bom, jah estamos conversando ha muito tempo, eu tenho que ir”

Nao tenha pena de políticos nem de advogados

Escute. Nao esteja ocupado pensando na próxima pergunta

Quando a fonte disser “escreve isso”, voce diz “ok, eu escrevi isso, agora voce pode, por favor, me responder a pergunta?”

Nao se trata de conseguir aquela frase, mas sim de conseguir a historia toda

Saiba fotografar e fazer video, alem de escrever

Aprenda como economía afeta o mundo

Se voce quer um emprego, chegue na entrevista com uma lista de dez ideias de historias que voce gostaria de fazer naquele jornal

Seja confiante para ser tratado com respeito

Avise a pessoa quanto tempo a entrevista vai durar

“Voce pega mais moscas com mel do que com vinagre” Entao seja educado (com assessores de imprensa e outras fontes, em vez de ser um cavalo)

Se a pessoa disser “eu ja tive mas experiencias com reporteres” use a técnica do espelho. Ou seja, quando ele te falar algo durante a entrevista, repita em voz alta para ele, para ter certeza que foi assim que ele disse a frase

Agora, se ele mudar de ideia nessa hora, e quiser retirar o que disse, esquece. Tudo o que eh dito numa entrevista eh on the record e o reporter vai usar. Soh e somente nao se usa aquilo que a pessoa falou OFF THE RECORD, ou “aquí entre nos, nao escreve isso”. Se a fonte ligar no dia seguinte retirando algo que falou, o reporter tambem nao vai ceder. Esta dito esta dito

Esteja no controle durante uma entrevista

Quando sair da entrevista nao saia correndo checando suas mensagens. Isso nao eh profissional. 

Tambem nao va no banheiro próximo, porque nao ha nada mais constrangedor do que ter uma entrevista difícil e depois encontrar a fonte no mesmo banheiro (nunca mais vou esquecer isso)

Seja cetico quanto a tudo

Cuidado. Tente entender porque certa fonte quer te dar tal informacao, e pense o que esta por tras disso

Verifique todas as informacoes ( a nao ser que voce viu com seus proprios olhos, tipo ‘o ceu eh azul’)

Nao suponha coisas

Na cena de um crime, use todos os sentidos e va alem, bata em portas, fale com vizinhos. “A policía mente”. Se a policía te deu uma versao e as suas outras fontes te deram outra, escreva as duas versoes na historia, explicando quem disse o que

Quando a historia esta escrita, pergunte-se “onde eu posso estar errado?” para evitar surpresas

Nao se aproxime de uma fonte com um bloco. Primeiro de uma conversadinha, e depois explique que esta fazendo uma reportagem sobre tal coisa, daih sim saca o bloco do bolso

Se essa fonte disser “eu nao quero dar entrevista”, tente um papo de “nao, vem ca, vamos conversar”

Nao mande a materia para fonte ler antes de publicar, isso eh censura

Sempre entreviste pensando na materia de capa

Pergunte “por que voce esta me escondendo essa informacao”

Pergunte “por que voce esta mentindo para mim?”

“Nao ha nada errado em ser um reporter causador de problemas” (obrigada)

Nao peca permissao para perguntar algo

Se tem uma pregunta cabeluda.. pergunte. E pense, “qual o pior que pode acontecer?”

Em materia com números explique pro leitor por que ele deve se importar com esses números e como eles influenciam na vida deles

Numeros importam, mas contatos importam muito mais. Em materias de economía nao se trata de saber calcular, mas sim de conhecer quem vai te explicar aquilo de uma forma que o leitor (e voce) vai entender


domingo, 21 de outubro de 2012

Como sentir saudade de um lugar antes mesmo de ir embora

"Pittsburg State University has helped me find who I really am, and more importantly has shown me what I am passionate about. It is a lively, welcoming campus full of life and opportunity. Who wouldn't want to represent such a fantastic place?”

(Pittsburg State University me ajudou a descobrir quem eu realmente sou, e, mais importante, me mostrou pelo o que eu sou apaixonada. Eh um campus vivido e acolhedor, cheio de vida e oportunidade. Quem nao gostaria de representar um lugar tao fantástico?)




Eh possivel sentir saudade de um lugar antes de mesmo de deixar ele? Comecei a acreditar que sim. A cada dia que passa eu sinto mais saudades da minha vida em Pittsburg, mesmo que a minha vida ainda seja aqui.

A frase ali do comeco eh de uma das candidadas a Homecoming Queen que eu entrevistei essa semana. A Homecoming week foi uma semana de atividades em Pittsburg que acontece todos os anos, e entre elas, esta a eleicao da rainha e rei da universidade. Meio bobo ese negocio de ganhar coroa e chorar, neh? Mas confesso que a explicacao dessa menina me fez ficar pensando. Essa universidade eh realmente um lugar muito legal e ter passado quase um ano aqui foi uma experiencia muito melhor que eu poderia ter pensado. 

As pessoas aqui sao apaixonadas pela universidade. Eh muito diferente ese negocio de universidade aqui nos USA. Todo mundo anda todos os dias com camiseta escrito o nome da universidade, onde que isso acontece no Brasil? E o time de futebol da universidade eh tudo, eh o que move a cidade.

Eu cheguei em Janeiro e desde o comeco adoro a Pittsburg State University. Nao sei que destino me trouxe para ca, uma cidade de 20 mil pessoas no meio do Kansas, mas eu agradeco.

Adoro as aulas, adoro principalmente os dias de jogo de futebol, quando toda a cidade vem pro estacionamento do estadio, montam suas barraquinhas e fazem hamburguer ou cachorro quente antes do jogo. Na hora do jogo eu adoro a quantidade de gente envolvida nele, antes mesmo de comecar. Adoro a animacao das cheerleaders sendo jogadas para cima, que ainda me fazem pensar que to dentro de um filme.
Adoro a quantidade de eventos que eles organizam e a quantidade de clubes e organizacoes que tem no campus. A minha vida eh nesse campus. Eu moro aqui dentro, literalmente, e se eu quiser, tenho coisas para fazer, asistir e participar todas as noites. Isso tambem para mim foi uma experiencia muito diferente do Brasil: como eh possivel se envolver demais com as coisas de uma universidade;

Adorei essa experiencia. Alem do mais, aqui eu aprendi a dancar ballet ;
Aprendi a falar frances com uma professora francesa;
Aprendi a falar español com um americano que morou una Espanha;
Aprendi a editar. E a fazer um boneco de jornal. A desenhar uma primeira pagina, e decidir o que eh materia de capa e o que nao eh. Aprendi a decidir as pautas de um jornal;
Aprendi coisas sobre um monte de países. Eles valorizam bastante os estudantes internacionais aqui, entao tem muitos eventos onde os alunos palestram e cozinham pratos do seu pais. E a convivencia tambem ajuda bastante. Soh no meu quarto tem uma americana e uma francesa;
Aprendi a aproveitar todas as estacoes do ano em Pittsburg. Quando cheguei e congelei em días que chegou a 15 negativo, ateh o verao onde fez 46 graus e nao dava para andar na rua, ateh agora esas semanas, onde o campus inteiro ta com arvoes de cores diferentes por causa do outono. Aquí ninguem se preocupa em juntar as folhas caídas no chao. Entao ta tudo marrom onde a gente pisa, e ta lindo.

Muito rápido esta passando tudo isso, e ao mesmo tempo que eu quero ir para casa, me doi o coracao saber que vou ter que deixar tudo isso para tras. Prometo nao ficar choramingando mais nos posts, mas eh que neh.. entendam..

Eu nao achava que dps de 5 anos na UCS ia ter saco pra voltar pra faculdade. Mas nao me arrependo. E esse final de semana li uma frase num tapete de uma casa onde soh moram caras de fraternidade, que resume tudo: "College: The party before the hangover knows as adulthood" (Universidade: a festa antes da ressaca conhecida como vida adulta). Vai dizer que nao eh?


bom, aquí vao umas fotos :)






Cheerleaders animacao durante o desfile da Homecoming Week



A rainha e o rei da Homecoming Week

A cor da cidade nesses ultimos dias




O dia de jogo


Num dos eventos da Homecoming Week


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Menos de 3 meses pra voltar pro Brasil (denial)


"Denial (also called abnegation) is a defense mechanism postulated by Sigmund Freud, in which a person is faced with a fact that is too uncomfortable to accept and rejects it instead, insisting that it is not true despite what may be overwhelming evidence."




Queridos leitores do 500 dias de inverno,

Primeiramente gostaria de dizer que ja esta frio de novo aqui, portanto, o nome desse blog voltou a fazer sentido.

Dito isso, explico que a falta de posts aqui nao ocorreu por causa da falta de acontecimentos em Pittsburg. A vida aqui anda pretty great actually, mas nao consegui mais escrever porque... bom, nao sei porque nao tive mais vontade de escrever. Mas tenho uma breve ideia. Se eu escrevesse soh poderia ser sobre uma coisa. Entao la vai.

Hoje eh dia 9 de outubro. Ha nove dias eu acordo com a mesma sensacao. De que ha tres meses vou estar acordando em outra cidade, em outro pais. Estava tudo indo maravilhosamente bem ate setembro. Chegou dia primeiro de outubro eu nao sei o que deu. Foi como se fosse um choque de realidade, de que falta outubro e novembro, e soh mais alguns dias de dezembro pra eu deixar Pittsburg. Na manha daquele dia primeiro eu acordei e gritei EH OUTUBROOOOOO. E desde la eu nao consigo tirar esse pensamento da cabeca. Eu soh queria que o tempo parasse ou entao que eu tivesse aquele reloginho da Hermione.

Eu nao consigo me sentir pronta pra deixar esse lugar. E soh quem viveu ou vive aqui vai conseguir entender completamente o que eu estou querendo dizer. Isso acontece com todo mundo que tem que ir embora de Pittsburg. Eu ja vi acontecer, mais de uma vez.

Eh muita mudanca, muita, nao da pra processar. Eu vou ter que dar tchau, literalmente, pra todas as pessoas que convivo diariamente aqui. Todas. Eu vou ter que deixar de ir todo dia pro jornal, de ver meus colegas, de escrever materias em ingles. Eu vou voltar a escrever em portugues! Eu vou voltar a falar soh em portugues! Aqui eu falo ingles, espanhol e frances, porque minhas aulas sao soh isso. Eu vou ter que me despedir dos meus professores de espanhol e frances, que sao muito legais.Eu vou ter que deixar minhas roommates, depois de virarmos praticamente melhores amigas. Vou ter que deixar essa cidadezinha, deixar de ver essas casas fofinhas, que nem cerca tem, e deixar esse centro que nunca tem carro algum nas ruas.

Eu vou tre que travar uma batalha com as minhas malas, porque a gente soh pode embarcar no aviao com duas, e eh impressionante a quantidade de coisas que a gente junta em um ano. Eu vou ter que voltar e me preocupar que nao tenho plano de saude, emprego, e que fiquei um ano trabalhando sem ter carteira assinada (nao vou me aposentar nunca, serio).

Eh simplesmente tanta coisa, que nao da pra encarar a volta pra realidade de uma forma serena. Nao da.

Meus pais mandaram eu me acalmar e disseram que eh pra eu voltar e ficar relaxando em casa janeiro e fevereiro, pra depois voltar a procurar um emprego. No comeco eu achei essa ideia absurda, ficar dois meses sem fazer nada. Mas vou te dizer que hoje eu ja to achando essa ideia de ter dois meses sabaticos me adaptando a transicao muito atraente.

Estou tentando me apegar as coisas positivas. Ainda tenho mais de dois meses aqui. Vou pra Chicago esse mes e pra NY em dezembro. Na volta vou ver todo mundo que eu to morrendo de saudades! E vai ser verao, isso vai ajudar. Porque o sol sempre deixa qualquer um mais feliz.

Eh isso.. Se voces acham que eu to fazendo drama, bom.. achem.

Eh engracado ver a reacao das outras pessoas que tambem estao se despedindo daqui ja. Ninguem quer ir embora e tem um amigo que ateh um carro vai se comprar agora, em outubro. Isso se chama negacao. Eu nao sei bem se ja saih dessa fase.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

50 tons de cinza. Por que você não deve perder seu tempo lendo isso


Era verão nos Estados Unidos e cada guria que abria a boca aqui falava do 50 shades of grey (50 tons de cinza – o problema ja começa por ai, que titulo eh esse?).

Pois bem, eu comecei a ficar tri curiosa com esse livro, porque serio, todas as gurias estavam lendo – e dizendo que as mães estavam lendo também. E o que me chamava a atenção eh que todas que diziam que estavam lendo o livro se defendiam da mesma forma, mesmo sem ninguém perguntar, com um “as pessoas dizem que eh pornô, mas não eh”. Ok...

Ate em que eu me deparei em uma situação critica: estava em uma livraria e la estava ele. 50 shades of grey. Promocao. 15 dolares. Eu estava de férias de aula e, somado a isso, eu tava com uma pulga atrás da orelha em relação a esse livro que tava fazendo sucesso no mundo inteiro, e queria ler com meus propios olhos se era pornô ou não.





Comprei.

Sim, 50 shades of grey eh pornô.

Passaram dois meses desde que eu comprei, e não consegui acabar. Não porque estou adiando o final da leitura pra não ter que me despedir dos personagens (que nem voce faz no Harry Potter). Mas porque 50 tons de cinza eh o pior (e mais mal escrito) livro que eu jah li.

Entao, se voce esta lendo esse livro e esta preocupado que eu va contar o final aqui nesse blog, não se preocupe. Eu não sei o final. Mas se voce eh uma adoradora fiel desse livro (ou da trilogia inteira, porque NÃO, 50 shades of grey não eh apenas um, MAS TRES livros), bom.. se voce eh uma dessas, eu sugiro nem ler esse texto também, porque eu to afim de detonar.

A historia comeca com uma mocinha que se chama Anastasia. Pra começar essa mina não eh bem bonita, o que jah me irritou. Porque na vida real as pessoas já não são lindas, de uma maneira geral neh? Entao o que nos sobra são os livros e os filmes, poxa, onde pelo menos a principal tem que ser linda. E dai que essa mina, que nem bonita eh, desperta um super tesao por um cara que eh o maior lindo, e que como se não bastasse, eh milionário. Serio?

Ela eh toda estabanada, e no primeiro encontro deles (ela vai entrevistar ele pro jornal da faculdade) ela já tropeça e cai de cara no chão. Mesmo assim ele se sente atraído por ela. Não me peçam como.

Bem, o que poderia ser uma historia de amor impossível entre uma plebeia e um milionário, acaba virando uma coisa de louco. Isso porque o tal milionário, Christian Grey, eh um tarado sadomasoquista. 

Em poucas palavras, ele convence ela a ASSINAR UM CONTRATO sexual, onde ela concorda em, basicamente, fazer tudo o que ele quer. Tipo, tudo. Soh posso dizer que o livro da Bruna Surfistinha fica no chinelo perto desse. Mas no chinelo..

Li uma resenha que falava que 50 tons de cinza eh pornô pra mulheres casadas. Não concordo. Mulheres casadas não fazem o que o Christian Grey quer fazer com a Anastasia. Eu não vou escrever aqui o que diz no contrato que ela assinou, mas serio, tem umas coisas muito tensas. Envolvendo muitas partes do corpo. E objetos. E dor.

Parei de ler o livro na parte em que a Anastasia apanha. Ela vira os olhos pro Christian depois que ele fala alguma coisa que ela não gosta. E como castigo, já que ninguém pode virar os olhos pro Christian Grey, porque ele eh muito foda, ele da tipo uns 20 tapas nela. E ELA GOSTA. Um minuto de silencio.

Grande parte do livro eles passam transando. Entao não da exatamente tempo pra historia se desenvolver (o que eh bom pra escritora, porque ela não tem capacidade pra tal). Detalhe nessa parte do sexo, eh que a Anastasia EH VIRGEM. Sim. Ela perde a virgindade com ele, e a primeira vez dela eh tao maravilhosa que ela CHEGA LAH duas ou três vezes. Quer dizer... MAS DAONDE, minha filha? Aonde no mundo que isso acontece? Fico com pena das meninas virgens que vao ler esse livro e achar que a vida eh assim. O cara olha pra Anastasia e ela jah se derrete toda, literalmente. Juro. 

Pois bem. Pode ser que a quantidade absurda de 50 shades of grey vendidos te facam ter vontade de compra-lo. Pode ser que a parte de um contrato sexual com palavras impronunciáveis também te deem vontade de ler. Mas acreditem em mim, ler 50 tons de cinza não vale o tempo gasto. Esperem pelo filme, que infelizmente, vai sair.

domingo, 16 de setembro de 2012

As pessoas interessantes que eu tenho entrevistado

Lembram daquela pagina nova no nosso jornal, People of Pittsburg? A cada semana eu escrevo um perfil de alguma pessoa interessante daqui. Num post mais antigo desse blog tem um dos meus preferidos, Bill, que canta todas as quintas no karaoke.

Depois dele teve a historia do professor que fala sete linguas. O Dr Harmon me deu entrevista justamente no dia em que estava se despedindo da universidade, porque na semana seguinte foi pra Africa passar um periodo sabatico. Entao dei muita sorte, porque provavelmente nunca mais vou ver ele na vida.

Depois dele, publicamos o Joe, o cara conhecido em Pittsburg por ter uma cabra na frente de casa. A Emma, como se chama a cabra, fica na coleira e tem ateh uma casinha, entao eh como se fosse um cachorro mesmo. Mas eh uma cabra. Dei sorte de novo, porque a Emma soh estava la por mais uma semana, porque ia ser levada pra acasalar com uma otra cabra (haha um cabro?) pra ter bebes e comecar a produzir leite.

Essa eh a Emma, no dia em que fui entrevistar. Ela tinha recem mastigado meu vestido


Eu sei que podem parecer meio bobas essas historias, explicadas desse jeito resumidas, mas a verdade eh que eu tenho ouvido muitas coisas interessantes dos meus entrevistados. O Joe, por exemplo, sempre me interessou por causa da cabra, pra descobrir porque diabos ele tinha uma cabrinha na frente de casa. Mas ele me contou tantas outras coisas.. que nasceu num campo de refugiados da Austria e veio pros EUA com um ano de idade. E a casinha que ele mora com a Emma eh a mais antiga do quarteirao, e ele vive nela desde os anos 50.

Eu to gostando muito dessa pagina, e espero que as pessoas tambem. Alem disso, a cada edicao sempe escrevo uma materia mais seria, normalmente uma que vai fazer as pessoas ficarem putas, entao nao se preocupem, meu trabalho jornalistico nao esta se resumindo apenas a perfis, essa soh eh minha diversao da semana :D

Nao consegui achar no noso site a historia do Dr Harmon, mas a do Joe e da Emma sim, entao vou publicar aqui.




People of Pittsburg: Joe & Emma Pecnik
Posted by Collegio on Thursday, September 13, 2012


Goat, mmaaaan’s best friend


Val Vita | Managing Editor

Joseph Pecnik was reading a local newspaper in April when he noticed an ad about a woman who was selling goats for $30. That was the day he bought Emma, a nine-month-old Spanish mountain goat.
Pecnik, who adopted her as a pet, gives her food, love and attention, as if she were a dog. Emma can be seen in front of Pecnik’s house on Joplin Street (between Fourth and Fifth streets), and she can be spotted nightly around town when he takes her on walks.
“Goats can make better pets than a dog,” Pecnik said. “A lot of people ask me why do I have a goat. And my answer is: ‘Why not?’”
The primary reason Pecnik says he bought the goat is he considers the animal a good pet. Secondly, he says goats are clean, intelligent, friendly, curious and well-behaved. According to Pecnik, Emma is quieter than a dog, although she warns him if someone is at the door.
He says having a goat in the front yard attracts people’s attention. Once, Pecnik says, some guys showed up at his door, asking how much he wanted for the goat because they wanted to cook a roast. He told them, obviously, that Emma was not for sale.
Another issue he says he faces is police showing up once in a while, after receiving calls from some people saying he has a goat in the house.
“But I have every right to,” Pecnik said. “As long as I keep her on the leash, which is the city law.”
Pecnik says people have misconceptions about goats, the main one being that they eat everything they find on the floor, like plastic and glass. However, he says goats are selective about what they eat.
“Emma loves mimosa trees, weeds and alfalfa. She doesn’t like green grass very much, she prefers dead leaves,” Pecnik said. “I give her supplements, too, and tablets of salt.”
Soon, Emma will be producing goat’s milk. She was taken to a breeding farm on Tuesday, Sept. 11. Pecnik says one of his friends has a male goat, and Emma will stay there with him for about a month.
“She is going to have babies,” Pecnik said.
Pecnik is already known for being the goat owner on Joplin Street. However, not many people know that Pecnik, who is 63, was born in a refugee camp in Austria. He says he knows five languages in addition to English and German, and he has visited 26 countries.
“You could write a book about my life,” Pecnik said.
Pecnik came to Pittsburg when he was barely a year old. The house he lives in is one of the oldest on the block, and it is the same house he has been in since 1951.
He says his job is to help repair houses destroyed by the Joplin tornado, and he takes care of Emma when he is not in Joplin. Sometimes, Pecnik says, he takes Emma to Braum’s. On one such night, Nina Louhelainen says she was in Braum’s with some friends when a guy showed up saying he had a goat outside.
“At first we thought he was kidding,” said Louhelainen, junior in finance. “Then we went outside and I saw the goat, and I was like, ‘Oh, cute,’ until she peed on my foot. My friends laughed the whole night.”
Despite the incident, Louhelainen says she didn’t get mad at Emma.
“The guy said he was sorry and gave me water to wash my foot because I was wearing sandals,” Louhelainen said. “But my friends and I, who are from Finland, just kept thinking, ‘Is it normal to have a goat in Kansas?’”

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O primeiro jogo de futebol americano - agarra essa bola

Sabado foi o dia que muita gente estava esperando ha muuuito tempo aqui em Pittsburg. Porque foi o dia do primeiro jogo de futebol da temporada aqui no estadio. Como o time de Pitt State foi campeao nacional no ano passado, esse ano as pessoas estavam ainda mais emocionadas (emocionadas nao eh um bom adjetivo neh? escrevo tantas, mas tantas materias em ingles por semana que sinto que nao consigo mais escrever direito em portugues). Bom, finjam que esse texto esta bom.

As pessoas aqui nos Estados Unidos levam muito a serio o futebol das universidades e o estadio estava lotado, com mais de 10 mil pessoas (leia-se, a metade de cidade). O jogo foi muito legal, eu particularmente adorei. Uma porque estava preparada pra 3 horas e meia (!) de jogo, e outra porque eh muito, mas muito melhor do que assistir baseball, experiencia que passei semestre passado.

Foi muito diferente do que eu tava acostumada (ja que eu era acostumada a ir no Jaconi nos findes ver o Juventude jogar - que saudades de fazer isso, alias). Uma porque tem uns 200 jogadores no campo, nao to brincando, tem muitos caras. E quando eles fazem substituicoes, nao troca um que nem no futebol, troca muitos. Eu sei que isso pode ser uma novidade idiota, mas eh que eu nunca tinha assistido futebol americano antes. E quando teve o Super Bowl eu nao entendi nada. A outra diferenca foi a duracao do jogo (tempos de 15 min, mas aquele relogio para a toda hora, meu deus, como ele para).

Ao mesmo tempo teve algumas coisas muito parecidas com assistir a um jogo de futebol no Jaconi, como comer cachorro quente e tomar refri (e ficar na fila pra isso) e ouvir os tios gritando pros jogadores AGARRA ESSA BOLAAAAAAAA. Outra semelhanca, foi que a parte onde ficam os estudandes era bem a parte onde batia um sol na cara, enquanto o lado mais rico ficava na sombra. Em cima dele, uns skyboxes, tipo uns camarotes, onde ficam as pessoas ricas de Pittsburg (seja la quem sao essas) e o unico lugar dentro do estadio onde da pra beber cerveja. Sim, porque a parte dos estudantes jah era A ZONA, imagina se permitissem beber durante 3 horas de jogo.

Eu e a Natalia tinhamos uma extrema dificuldade de enxergar com quem estava a bola, porque nao era como se ela estivesse ROLANDO PELO CHAO. Eles agarram a bola e correm (melhor definicao de football ever). Mesmo assim foi legal. Alguns internacionais nao gostaram, a minha roommate francesa voltou pro quarto dizendo que aquilo na era esporte.

Destaque do jogo para as cheerleaders, sempre MUITO empolgadas (eu descobri que elas treinam 14 horas por semana, pobrezinhas. e voces pensam que elas soh mexem os pompons), e pra banda da universidade, que eh demaaaaaaaaais. O comeco do jogo tambem eh tri, porque os jogadores entram e toca Wecome to the Jungle (percebam que tudo aqui eh relacionado a selva. o nosso mascote, um gorilla chamado Gus, voces vao ver numa foto ali embaixo).

Uma curiosidade sobre o jogo, eh que tem muitos alunos que nem entram no estadio, soh ficam no Tailgate. O tailgate eh um negocio muito importante aqui nos Estados Unidos, como eu pude perceber, ou, como queiram, eh mais uma oportunidade pras pessoas encherem a cara (tudo aqui eh motivo pra beber).

O jogo comeca as seis mas as pessoas lotam o estacionamento do estadio no comeco da tarde jah (algumas chegam de manha) com as camionetes, abrem a traseira da camionete e ficam la, bebendo pra sempre. Tem gente que leva grill pra fazer hot dog, vi ateh uns caras que levaram um pedaco grande de grama artificial, botaram as cadeiras de praia e passaram a tarde tomando cerveja. Eh uma confusao o tailgate que voces nao fazem ideia. Eh muito, muito lotado, e as pessoas ficam crazy, botam musica alta, dancam e os menores de idade ficam bebados, aquela coisa normal. Aqui o link da materia que fiz pro jornal dessa semana sobre tailgate (http://psucollegio.com/2012/09/tailgate/).



Bom, fotos do jogo, porque assim tudo vai parecer mais interessante:



Nosso time, os Gorillas, de vermelho e amarelo, cores da universidade, jogando contra um time de Oklahoma









As cheerleaders



A banda





O tailgate




Onde ficam os carros no tailgate - isso ja era durante o jogo entao nao tinha mais gente




Foto que eu e a Ale conseguimos com as cheerleaders um dia antes do jogo ('can we take a picture please, we are from Brazil, we dont have cheerleaders!' haha)




Com os novos brasileiros no tailgate (antigos brasileiros que ja voltaram pra casa, voces nao imaginam o quanto eu queria que voces estivessem aqui nesse sabado tambem!)




Com o Gus. Sempre quis tirar uma foto com ele, sabado, estava indo pro jogo e ele estava caminhando na minha direcao! Agarrei na hora.