Estava eu ouvindo o Stereo Mood quando me deparo com uma música chamada December 28th, do Caveman. Percebo que hoje é 28 de dezembro, dia que marca exatamente uma semana pra minha viagem.
Na quarta-feira que vem, a essa hora, eu vou estar dentro de um avião voando para Atlanta. De lá, embarco em outro pra Dallas, e, por fim, Joplin. É em Joplin que os alunos internacionais de Pittsburg State University me buscam pra me deixarem na porta da minha futura casa, em Pittsburg, Kansas, Estados Unidos.
A verdade é que é um pouco difícil ainda me imaginar lá, com tudo o que tem acontecido aqui nos últimos dias. Vou te dizer, as pessoas ficam realmente estranhas quando precisam se despedir de alguém que está indo viajar por um tempão. Eu recebo abraços a cada cinco minutos, enquanto com outras pessoas eu mantenho discussões ridículas, em uma estranha forma de tentar manter a rotina, que logo não vai mais existir.
O legal de estar indo viajar é que tudo se torna diferente. Essa semana, por exemplo, fui pela última vez na academia e, na hora de ir embora, avisei que era meu último dia. Achando que eu só ia tirar férias, a mulher da recepção perguntou:
'Que dia tu volta?'.
'Eu não sei'.
E assim ela encerrou meu cadastro. O mesmo aconteceu com as minhas contas do banco, com o atendente de telemarketing do Visa, da Vivo, com a funcionária dos Recursos Humanos do jornal onde eu trabalhava.
Só sei que a sensação de finalmente conseguir o que tanto se quis é muito, mas muito estranha. Desde a adolescência eu sonho em sair dessa cidade. E agora aos 24 eu vou fazer isso. O mais engraçado é que a cidade começou a ficar meio que bonita de uma hora para outra. Não sei explicar. Mas andar na rua não é mais a mesma coisa, quando tu sabe que é pela última vez (andar de ônibus continua sendo uma merda, não se preocupem). Quem me conhece sabe que mesmo que esse intercâmbio dure só um tempo (ou não) eu não pretendo voltar para Caxias. Não faria sentido depois de tudo o que aconteceu voltar a ter a mesma vida que tive nesses anos. E olha... Aconteceu coisa nesse 2011.
Acho que esse blog vem para ajudar a suprir a extrema necessidade de escrever que tem uma jornalista que teve de pedir demissão do emprego (de dois, este ano que passou) só pra poder viajar. Quando se está acostumada a fazer textos todos os dias não é fácil canalizar as energias em outras atividades. Talvez esses textos agradem alguém, talvez não. Ou, quem sabe, o 500 days of winter apenas me ajude a passar o tempo em noites de insônia. Como essa de 28 de dezembro.
